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Bacharel em Educação Física pela Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC, pós-graduada(Lato Sensu) em Fisiologia do Exercicio - Prescrição na Universidade Gama Filho - UGF. Daiane da Rosa (CREF 015812-G/RS)

domingo, 14 de abril de 2013

SISTEMA CARDIOVASCULAR (final)

Como ocorre a Arterosclerose:

Pra começar vou explicar o que é Arterosclerose: é a formação de uma placa de ateroma no vaso sanguíneo. Muitas pessoas confundem a palavra e a chamam de Arteriosclerose, esta se caracteriza pelo enrijecimento das artérias.

O processo de formação de placa de ateroma ocorre da seguinte maneira:

Os Macrófagos, que são as células do sistema imune, 'comem' as macro partículas de restos do endotélio, que foram rompidos para a formação de novas células endoteliais. Mas em um sangue com LDL oxidado pelos radicais livres, estes se unem aos macrófagos se tornando células espumosas aderentes. Nestas células se grudam cálcio, pedaços de células, plaquetas e formam uma placa. Mesmo assim, o endotélio se refaz. Em cima dessa célula. E é aí que se forma a placa de ateroma. Essa placa fica entre a última e a média camada da artéria (entre o tecido conjuntivo e o músculo liso), quando o sangue passa, apertado ('shear stress') se forma novamente uma placa de ateroma, ela cresce uma em cima da outra até que feche ou quase feche a artéria.

Quando o indivíduo, com essa formação de ateroma é submetido à um esforço grande, a pressão na parede dos vasos é tão grande que rompe o endotélio e a placa se move até encontrar uma artéria coronária de menor calibre. Aí surge o infarto.

Shear Stress é o termo usado para definir o stress de cisalhamento quando a parede do endotélio é arranhada pelo sangue. Ocorre, principalmente, na hipertensão. Quando a duração desse processo é maior, porque há sempre pressão elevada nas artérias. No exercício, a pressão aumentada,  ocasionando o shear stress, não chega a lesionar a artéria. Porque não é grande a duração. Favorecendo a formação de Oxido Nítrico e prostaciclinas, que são vasodilatador e inibidor da agregação plaquetária.



O professor Ramiro Barcos Nunes, Doutorando em Ciências da Saúde, explica:

O exercício é capaz de diminuir essa placa de ateroma, desfragmentando as substâncias que estão sedimentadas? 
Alguns estudos dizem que sim, outros não. O que dá pra fazer é melhorar a função endotelial produzindo mais NO, que faz a vasodilatação. Então o fluxo se torna maior porque aumenta o calibre da artéria. Aí o sangue passa melhor.

O treinamento físico é capaz de aumentar o número de vasos sanguíneos coronários?
É capaz de promover estímulos para formar novos vasos.


REFERÊNCIA:

NUNES, RB. Aula de Fisiologia do Sistema Cardiovascular e Exercício. Programa de Pós-Graduação Universidade Gama Filho, 2012.

sábado, 13 de abril de 2013

Óxido Nítrico (NO)

Também conhecido como Monóxido de Nitrogênio (NO, e não NO2 - sigla para Dióxido de Nitrogênio) é um gás produzido pelas células endoteliais (que formam o endotélio - tecido dos vasos sanguíneos), macrófagos (células do sistema imune) e certo grupo de neurônios no cérebro,  e tem um papel fisiológico muito importante. 

Além de outros fatores, ele promove o relaxamento (vasodilatação) dos vasos sanguíneos. O endotélio usa o NO para comandar a vasodilatação aumentando, assim, o fluxo sanguíneo e diminuindo a PA. Isso explica  o uso de alguns componentes farmacêuticos como para o tratamento de doenças coronárias e o uso do Viagra (pois o NO desempenha um papel importante na ereção do pênis). A produção nas células endoteliais, basicamente, se dá por conta da Arginina (L-Arginina) um aminoácido que o organismo produz, mas que depende da alimentação adequada para que possa utilizá-lo para todas as necessidades e do oxigênio, através de uma enzima chamada de Óxido Nítrico Sintetase (NOS) e outros fatores. Além de promover a vasodilatação nos vasos sanguíneos, ele também inibe a agregação plaquetária e tem efeito antiinflamatório.

Porém a quantidade de NO para produzir efeitos benéficos é totalmente baixa, sendo que suas propriedades em altas concentrações podem produzir efeitos negativos como carcinoma (tumor), condições inflamatórias, artrite, etc.

SUPLEMENTAÇÃO:

Grande atenção é dada ao NO pelos praticantes de musculação, graças a promessas feitas pelos fabricantes  e vendedores de suplementos. Como o NO é envolvido com o processo de vasodilatação, propagandeou-se que os suplementos prolongariam o inchaço muscular, promovendo a hipertrofia muscular através da recuperação muscular, pelo seu poder imunológico e participação na ativação de Células Satélites (já comentadas em outro post).

Há de se considerar que, por suas características químicas, não tem como se ingerir esse gás como suplemento. Portanto, não se suplementa oxido nítrico e sim o seu potencial precursor a Arginina. Porém, há controversas na real efetividade da mesma em pessoas saudáveis. Sendo que há relatos científicos somente sobre a suplementação efetiva de arginina em casos patológicos, como colesterol alto e doenças cardiovasculares. Alguns estudos, porém, nem encontraram resultados para a formação de NO com a suplementação de Arginina, além de não influenciar a performance nem o metabolismo durante  exercício, além de, caso exceda o consumo, promover pancreatite.

Existem propagandas muito enganadoras para a venda do suplemento. Além de ser comercializado com a sigla errada, pois NO2 não é monócito de nitrogênio (NO) e sim Dióxido de Nitrogênio, ele também é vendido como sendo um hemodilatador e não vasodilatador. Que eu saiba sangue não se dilata! Outro erro é dizer que esse suplemento contém NO. Não contém! Bioquimicamente impossível.

Hoje em dia a comercialização de suplementos com L-Arginina Blend (moda dos' pré-treinos') está sendo muito popular nas academias e nestes suplementos, há outros componentes que podem ter um papel mais importante no resultado do que a Arginina. Pois há comprovações científicas mais plausíveis, em treinamento. Um exemplo é a Creatina e a Beta-Alanina.



REFERÊNCIAS:

http://fisiculturismo.com.br/newsletters/materias/oxido_nitrico_a_outra_face.php
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%93xido_n%C3%ADtrico
FLORA FILHO, R. ZILBERSTEIN, B. Óxido Nítrico: o simples mensageiro percorrendo a complexidade. Metabolismo, síntese e funções. Rev. Ass. Med. Bras, 2000





SISTEMA CARDIOVASCULAR (parte II)

Coração:

Tem o tamanho aproximado de uma mão fechada e fica localizado no centro da cavidade torácica ( e não do lado esquerdo do peeeiitooo...). Ele é a principal bomba que faz com que o sangue circule por todo o sistema cardiovascular. Possui dois átrios que funcionam como câmaras receptoras  e dois ventrículos que funcionam como unidades de bombeamento. 

Anatomicamente:
- Gordura Epicardica: proteção do músculo cardíaco (cobre o coração)
- Pericárdio: saco membranoso resistente que envolve o coração
- Miocárdio: músculo cardíaco
- Endocárdio: parede interna do coração
Tamanho da parede do coração:

O músculo cardíaco tem espessura variada dependendo da pressão exercida nas suas paredes. O ventrículo esquerdo é a mais forte das quatro câmaras. Ele precisa se contrair para gerar pressão suficiente para o bombeamento do sangue por todo corpo. Quando uma pessoa está sentada ou em pé, ele precisa se contrair com força suficiente para superar o efeito da gravidade, que tende a fazer com que o sangue se acumule nos membros inferiores. Por ter que fazer muita força para fazer essa circulação sanguínea ser eficiente por todo o sistema, ele apresenta maior espessura da sua parede muscular, em comparação com as demais câmaras cardíacas.


Em exercícios mais intensos (particularmente diante de uma atividade aeróbia intensa, durante a qual aumenta a necessidade de sangue dos músculos ativos por um grande período de tempo) as demandas de sangue sobre o ventrículo esquerdo para o fornecimento aos músculos aumentam. Mas os exercícios de força, intensos, também causam aumento da parede do miocárdio, principalmente pela compressão das artérias pelos músculos. Por isso que durante o exercício é normal apresentarmos PA elevada.

O miocárdio também pode sofrer hipertrofia devido à hipertensão. Esta doença causa o aumento da resistência vascular periférica, ou seja, o sangue passa dentro dos vasos sanguíneos e estes apresentam uma tensão muito grande. Devido à isso, o músculo cardíaco tem que fazer muita força para ejetar o sangue. 

Em resposta ao treinamento ou à doença, com o passar do tempo o ventrículo esquerdo se adapta, aumentando sua capacidade de bombeamento e seu tamanho. Isso ocorre, no treinamento, de acordo com a demanda imposta pelos músculos esqueléticos, quando adaptado ao exercício aeróbio, principalmente. 

Portanto, pessoal, é anatomicamente normal apresentarmos a parede do ventrículo esquerdo um pouco mais espessa que as outras. O que não pode ocorrer são alterações muito grandes nessa espessura, principalmente causada por uma doença. 


REFERÊNCIA:
Wilmore, JH. Fisiologia do Esporte e do Exercício. Barueri, SP: Manole, 2010

sexta-feira, 12 de abril de 2013

SISTEMA CARDIOVASCULAR (parte I)

Frequência Cardíaca (FC) e Pressão Arterial (PA):


A Pressão Arterial (P.A.), como já sabemos, é a pressão exercida nas paredes das artérias após uma sistole e diástole (contração e relaxamento) do coração. 

Em média a PA encontra-se em valores de:
 120mmHg - PS (pressão sistólica)
 80mmHg - PS (pressão diastólica)

A Frequência Cardíaca (FC) é um dos parâmetros cardiovasculares mais simples, e contudo, mais informativos. A determinação envolve simplesmente a tomada do pulso, em geral na artéria radial (logo acima do polegar, no pulso) e esta é um bom indicador da intensidade do exercício.

A FC de repouso fica em média de 60 - 80 bpm (batimentos por minuto) na maioria dos indivíduos. Mas há diferença entre homens e mulheres? Sim, em mulheres ela é mais alta (70-80 bpm). Porque a PA é, em média, mais baixa, quando comparada aos homens,  e por isso é preciso uma compensação para poder equilibrar o sistema.

Existe, também, diferenças  em atletas de resistência. Estes, normalmente  são bem condicionados e treinados, devido a isso foram relatadas frequências cardíacas de repouso de somente 28-40 bpm.

A FC pode também ser afetada por fatores ambientais, por exemplo: temperatura e altitude extremas.

Logo antes do exercício a FC de repouso pode ficar aumentada, acima dos valores de repouso normais. Isso ocorre devido ao aumento da noradrenalina e adrenalina, em resposta do sistema nervoso ao exercício que vai se iniciar. Portanto, a verdadeira FC de repouso deve ser estimada em condições de relaxamento total, como no inicio da manhã, antes que o indivíduo se levante de um sono noturno repousante. Já em exercício, a FC aumenta em proporção direta ao aumento da intensidade do mesmo. 

A FC máxima é o valor de FC mais alto em um esforço total, até o ponto da exaustão. Esse valor é altamente confiável e que permanece constante de um dia para o outro. Contudo, esse valor sofre uma ligeira alteração de um ano para o outro por causa do declínio normal da FC relacionada com o processo de envelhecimento. Ela é estimada com base na idade porque esse parâmetro demonstra um decréscimo pequeno, mas constante, cerca de um batimento por ano, começando dos 10 aos 15 anos de idade. 

O cálculo de 220-idade é o mais habitual a ser usado para mediar a FC máxima. Porém, essa é apenas uma estimativa, já que os valores variam consideravelmente de acordo com o indivíduo. Estudos recentes vem demonstrando que esse cálculo causa um potencial de erro e outra equação foi desenvolvida, da mesma forma, tendo como base a idade FC= 208-(0,7x idade)

REFERÊNCIAS:

 Nunes, RB. Aula de Fisiologia do Sistema Cardiovascular e Exercício. Curso de Pós-graduação -  Lato Sensu. Universidade Gama Filho, maio, 2012.

Wilmore, JH. Fisiologia do Esporte e do Exercício. Barueri, SP: Manole, 2010



quarta-feira, 10 de abril de 2013

POR QUE MEDIAR CORTISOL É IMPORTANTE?

O Cortisol é um hormônio catabólico produzido pela glândula supra-renal. Ele está envolvido na resposta ao estresse, regulação da pressão arterial e da glicemia.

O estresse, seja físico ou mental, é o fator primário na elevação do Cortisol. Sabem por que? Porque ele causa um estímulo às Citocinas. Estas, que são uma espécie de proteínas comunicadoras do nosso sistema imune, causam um efeito inflamatório (uma Citocina muito comum em processos inflamatórios é a IL-6, por exemplo, ela é, no caso de exercícios de força, a primeira a ser liberada durante a contração muscular. Antecedendo, assim, o aparecimento de outras citocinas inflamatórias. Devido à isso, que a modulação do treinamento de força deve ser bem criteriosa para cada indivíduo, devendo respeitar inúmeros fatores, como já descrito em outras postagens. 

A privação alimentar, atividade física extenuante e a alimentação com elevada carga inflamatória (como fast- foods e alimentos ricos em gorduras saturadas) também são fatores estressantes para o organismo e causam uma produção exacerbada do Cortisol.

A elevação do Cortisol implica na diminuição da testosterona, do hormônio do crescimento e da sensibilidade à insulina (resistência à insulina, devido ao aumento da glicemia). Nas mulheres, ainda favorece o aumento de estrógeno.

Este hormônio (cortisol), estando elevado, além de diminuir a função imunitária, predispondo o organismo à infecções, favorece a reabsorção óssea, aumentando o risco de osteoporose; compromete a energia, favorecendo a fadiga e irritabilidade; implica na agregação plaquetária e disfunção endotelial, envolvidas na aterosclerose e no aumento da síntese de outro marcador inflamatório, além da Interleucina 6 (IL-6), a Proteína C Reativa (PCR), um marcador inflamatório preditor de risco de infarto do miocárdio.

Outras consequências do Hipercotisolismo (cortisol elevado) são: compulsão por doces, retenção hidrossalina (retenção de sódio e água), hipertensão, aumento do colesterol e triglicerídeos, elevação da circunferência da cintura, insônia, diminuição da memória e confusão mental.

Portanto, é muito importante o controle desse hormônio. Caso você se encontre com alguma dessas alterações, converse com seu médico a respeito e peça para ele este exame laboratorial.

Outra observação que quero fazer aqui, aproveitando que a época de gripes e resfriados vem chegando, é a respeito das complicações do nosso sistema imune quanto a gripes/resfriados e treino. Noto, através de anos de experiência dentro do treinamento de força, principalmente com o público de academia, que é aquele que se pudesse treinava de domingo a domingo, que a preocupação com seu sistema imunológico é nula, pra não dizer nenhuma. Um simples resfriado pode se tornar uma grande infeção viral se não terem cuidado com seus treinos nesse período. Ficar uma semana no máximo, sem treinar, ou realizar umas sessões mais leves, não vai matar ninguém, bem pelo contrário. Após uma sessão extenuante de treino, o nosso sistema imune baixa muito. Podendo chegar em níveis próximos ao de um indivíduo com HIV.

Respeitem seu corpo!


REFERÊNCIA:


terça-feira, 2 de abril de 2013

Treinamento de Força x Treinamento Aeróbio

Afinal, um interfere no outro ou é mito?

A minha resposta é: depende...
Depende do seu objetivo. Se o seu objetivo é melhorar a saúde ou perder peso o ideal é que haja ambos os treinamentos no seu programa. Já se o objetivo for o crescimento dos músculos e a melhora da força, o uso desses treinamentos combinados (na mesma sessão), podem afetar negativamente em razão das demandas aumentadas de energia e proteína do treinamento de resistência (aeróbio).

Porém, o velho objetivo da maioria dos alunos de uma sala de musculação é: 'quero ganhar massa muscular e perder gordura', certo? Pois bem, eis uma boa noticia para quem não sabia: o treinamento de força altera POSITIVAMENTE a composição corporal e preserva os tecidos magros. E prestem bem atenção nisso, pessoal viciado em balança: O PESO CORPORAL PODE NÃO SE ALTERAR, devido o aumento da massa corporal magra (lembram? músculos e ossos) e a gordura corporal diminuir. Isso ocorre porque o tecido muscular é mais ativo metabolicamente, ou seja, ele QUEIMA MAIS CALORIAS!! do que o tecido adiposo. Então se você está seguindo uma dieta para perda de peso, esse aumento do tamanho do músculo e da massa corporal magra vão fazer com que, mesmo em repouso, seu corpo estará queimando mais calorias do que antes, quando você não tinha trabalhado seus músculos!

Todavia, tanto o exercício aeróbio quanto e de força, devem ser utilizados. Como citado acima, SAÚDE é muito importante e certamente os dois, talvez não na mesma sessão de treino, mas em sessões separadas poderiam ser mais efetivos, principalmente para perder gordura mantendo tecidos magros.

RECOMENDAÇÕES DO ACSM (American College of Sports Medicine) para Saúde:

Treinamento de Força:
*2 a 3 vezes por semana
*8 a 10 exercícios por sessão
*1 a 3 séries em cada exercício
*8 a 12 RM por série ( 50 anos ou mais recomenda-se entre 10 e 15 RM)

Treinamento Aeróbio:
* 3 a 5 vezes por semana
*55/65% a 90% da FC máxima ou 40/50% a 85% do Vo2 Máximo ou FC reserva
* 20 a 60 minutos contínuos ou intermitentes (sessões acumuladas de 10 minutos cada)

Referência:

HEYWARD, VH. Avaliação Física e Prescrição de Exercício: técnicas avançadas. 6 ed. Porto Alegre: Artmed, 2013